“Acho que nunca voltamos em tão pouco tempo ao mesmo lugar”, foi o que me disse por telefone, na última quarta-feira, Ben Bridwell, vocalista do Band of Horses.
Pouco mais de 40 dias depois de encerrar –quer dizer, não mais– a turnê do disco “Infinite Arms”, de 2010, no Lollapalooza Brasil, a banda voltou país para dois shows (Rio e São Paulo).
E sábado, no Rio, fez uma baita apresentação, para um público mirrado – acho que pouco mais de 300 pessoas. O repertório diferiu pouco do tocado no Lolla, houve uma ou outra alteração na ordem das músicas que deixou o show mais encorpado, com um crescente. O que deve se repetir hoje, em São Paulo, quando eles tocarão no Beco 203.
Um conselho? Vá ao show!
Mas antes dá uma sacada na conversa com Bridwell, que voltou a morar na Carolina do Sul depois de anos em Seattle. Ele falou sobre o novo disco do grupo, que está gravado e será lançado em setembro, o que anda ouvindo e o que mudou na vida da banda depois de deixarem a SubPop, gravadora indie respeitada, pela Columbia, uma “major”
BRASIL
“Quando nos disseram que íamos ao Brasil fiquei receoso pois não tínhamos lançado nenhum disco aí. Mas, cara, que grande surpresa. Foi bom ver tanta gente cantando as músicas”
DISCO NOVO 1
“Terminamos de gravar o disco novo não faz muitos dias, em Los Angeles. É óbvio que há uma pressão enorme. ‘Infinite Arms’ foi um álbum cuja repercussão superou nossas expectativas. De repente estávamos nas listas de melhores lançamentos do ano, fazendo uma turnê gigantesca, cansativa mas muito feliz, sabe? Agora temos de apresentar um trabalho surpreendente a essas pessoas que já nos acompanham ou nos conheceram enquanto divulgávamos ‘Infinite’”
DISCO NOVO 2
“Optamos por uma gravação sem muitos recursos tecnológicos. O disco soa como Band of Horses ao vivo, mais pesado, mais cru, mais espontâneo. Não foram usados programas de edição de áudio. Os melhores ‘takes’ foram conseguidos com muito esforço e dedicação. Eu diria que é diferente do que já fizemos, mas eu gosto muito quando o ouço e consigo sentir que ainda é Band of Horses lá, sabe?”
SUBPOP X COLUMBIA
“Nós temos muito, muito orgulho de termos sido lançados pela SubPop. Mas a Columbia me pareceu um caminho natural por uma questão de estrutura e logística. Hoje conseguimos chegar a um público maior, os discos são lançados em mais países, por exemplo”
SEATTLE
“As pessoas ainda ligam Seattle ao grunge e fica surpresa por nós, uma banda folk, rock, sei lá, tenha sido formada na cidade. Mas não é estranho. O grunge ficou na memória afetiva do lugar, mas há uma infinidade de novas bandas, mais indies e muitos, muitos lugares onde se ouve jazz, blues, mais do que rock eu diria”
CAROLINA DO SUL
“Voltei para cá porque cresci (risos) – Bridwell nasceu em Irmo e cresceu em Tucson, no Arizona. Eu casei em 2009, agora estou com 34 anos e duas filhas lindas. Achei que era hora de sossegar um pouco, de ter uma vida calma. É mais ou menos o que faço quando não estou em turnê. Saio com minha mulher, vou ao cinema, faço compras, levo as crianças na escola. Virei um pai de família exemplar (risos)”
BRASIL 2
“Antes desses dois shows de agora tínhamos o plano de uma turnê sul-americana para o começo do próximo ano. Acho que vai rolar e, melhor, já com disco novo na bagagem. Espero que o lancem aí”
ESTOU OUVINDO
“Cara, eu ando muito pirado nesse disco do Michael Kiwa…nuka! Michael Kiwanuka, isso! Como ele canta! E as letras são todas maravilhosas, os arranjos. Confesso que quando ouvi o disco dele tive até inveja (risos). Se eu tivesse de recomendar um disco para ouvir hoje, seria ‘Home Again’”
Quem abriu o Facebook hoje cedo provavelmente deu de cara com essa foto aí em cima, publicada por Sau Santiago (Cafofo Rec). Mano Brown à frente dos fortemente armados Ice Blue, KL Jay, Dexter e Edi Rock. Deu até um treco na espinha.
Trata-se de um registro das gravações do clipe de “Marighella”, faixa que estará no aguardadíssimo novo disco dos Racionais.
O rap, escrito por Brown, está no documentário de mesmo nome, dirigido por Isa Grinspum Ferraz. Letra e filme contam, cada um ao seu modo, a história do líder comunista brasileiro Carlos Marighella, que foi morto dentro de um Fusca em 1969, em São Paulo.
De acordo com a assessoria do grupo, o clipe deve sair nos próximos dias. O disco, ainda não se sabe.
Além do produtor californiano/professor de ioga Gonjasufi (do qual já falamos aqui), a noitada do festival Rojo Nova Arte Contemporânea, no Sesc Pompeia, vai ter show da dupla alemã de música eletrônica Mouse on Mars.
Andi Toma e Jan St. Werner, que estão aí desde 1993, escolheram esse show para lançar oficialmente o disco “Parastrophics”. Ambient + tecno + disco + sintetizadores + baixo + bateria + guitarra e o que mais der na telha.
Dá uma olhada na golden dance abaixo para ter uma noção.
O produtor brasileiro Akin abre a festa. Nas projeções, o alemão Karl Kliem.
No último dia 24 de abril, foi lançado nos Estados Unidos “This Machine”, novo disco do Dandy Warhols. Não sei se vocês lembram, mas a banda fez relativo sucesso no circuito alternativo nos anos 1990.
Mas ao que importa: daí que eu estava ouvindo o “This Machine” — bom disco, bem diferente do que a banda fez até então — e me deparei com uma versão de “16 Tons” (16 Toneladas).
Mas como assim o Dandy Warhols gravando “16 Tons”? Pois é, gravou. Clique aqui para ouvir.
A canção, que é um clássico da música country, tem mais de uma centena de versões gravadas desde que foi lançada, em 1946, pelo cantor Merle Travis. Ouça aqui a gravação original. Mas foi com uma versão de Tennessee Ernie Ford que a música alcançou o topo da Billboard, anos depois. Johnny Cash, o Homem de Preto, foi outro que gravou a música em um de seus discos.
A letra é BEM triste, fala de um carvoeiro — o pai de Merle trabalhava em uma mina –, o tal “sistema de barracão” mencionado se trata na verdade de escravidão, regime a que alguns mineiros eram submetidos por seus patrões. Ao mesmo tempo, a música também fala de tenacidade e superação. É preciso força para viver numa mina de carvão, certo?
Certo. Mas é curioso que quando a música chegou ao Brasil, nos anos 1950, tenha sido regravada mantendo a melodia (deliciosa), os arranjos de metais cheio de riffs, o vocal gutural de Tennessee Ernie mas… tenha virado um sambão-balanço-maneiro.
O primeiro registro em solo nacional da música foi feito pelo cantor Noriel Vilela, que fez parte do grupo Cantores de Ébano. Noriel morreu em 1974, vítima de uma reação alérgica a uma anestesia (!).
O que era drama e dilema de um pobre trabalhador de uma mina de carvão virou, na letra de Noriel, um samba barato, da pesada, para frente, que pesa 16 toneladas (vai vendo). Nos anos 2000, a música foi redescoberta pelo Funk Como le Gusta, que gravou uma versão funkeada BEM legal.
Quer dizer, não tem drama que a gente não transforme em samba =)
Imagine um solo de uma hora de Lee Ranaldo no Sonic Youth. Foi mais ou menos o que se viu no último domingo (29), quando o guitarrista apresentou em Belo Horizonte a performance “Sight Unseen”, projeto que divide com sua mulher, Leah Singer.
Em um dos teatros do Palácio da Artes, cerca de 300 pessoas se acotovelaram pelo melhor lugar. Pelo menos outras 100 não conseguiram entrar e tiveram de se contentar com um telão instalado do lado de fora.
Resumindo, “Sight Unseen” é uma espécie de videoclipe executado ao vivo. No palco, um telão reúne imagens aleatórias, a maioria delas captadas em grandes centros, como me disse Ranaldo, “uma espécie de reflexão sobre como nos inserimos no espaço urbano”.
A trilha sonora para isso foi ruído. Muito, alto e produzido das mais variadas formas. Arcos, palhetas, dedilhados, tudo se juntou na música que é feita ali, diante do público, para dar sentido às imagens.
O ponto alto da performance foi quando um grupo mineiro de percussão fez uma pequena participação, a convite de Ranaldo. Formou-se uma massa sonora que me lembrou – guardadas as devidas proporções – o encontro de Carlinhos Brown com Sepultura no disco “Roots”.
Teve fã do Sonic Youth saindo com sorriso de orelha a orelha com a “masterclass” de ruído. Agora é esperar que Ranaldo venha ao Brasil lançar seu disco solo.
Aqui tem umas imagens da performance. Dá uma sacada:
Sabe o quê mais?
– “Little Broken Heart”, disco novo da Norah Jones produzido por Danger Mouse (Gnarls Barkley), é o álbum que Cat Power deve há uns cinco ou sete anos. Ouçam.
– Vocês viram que Curumin divulgou para download na íntegra o disco “Arrocha”? Arrumem um lugarzinho para “Vestido de Prata” e “Passarinho” na lista de melhores músicas nacionais do ano. Dá pra ouvir aqui.
– E o Theophilus London, que fará show em São Paulo nos próximos dias, com A$AP ROCK, liberou um disco de remixes do seu “Timez Are Weird”. Chama “Timez Are Weird These Nights”. E dá para ouvir na íntegra aqui (coisa fina)
“Brazil! You can now RSVP for our show tomorrow night at Cine Joia in São Paulo. The first 120 of you who email fanbasebr@gmail.com with your full name, ID and CPF number will gain entry to the show (please bring a photo ID to the venue).
Há uma lista limitada para os fãs! Vocês devem escrever para o e-mail fanbasebr@gmail.com enviando: nome completo, número do RG e número do CPF. Na porta, você deverá apresentar um documento com foto.”
Quem acompanha o perfil de Merrill Garbus no Facebook hoje teve uma luz.
A cantora, que encabeça o projeto tUnE-yArDs, no qual mistura africanidades com melodias indies, desestruturadas propositalmente para causar um efeito delicioso, resolveu ser generosa com os fãs.
Amanhã, rola um show fechado dela para o Multishow, só para convivas, no Cine Joia. O setlist é dominado pelo disco “Whokill”, de 2011, que a fez rodar nos principais festivais do mundo e botou seu nome entre elogios no Pitchfork, NME e outros sites musicais…
Merrill irá compartilhar 120 ingressos entre os fãs que mandarem nome, RG e CPF para o e-mail fanbasebr@gmail.com.
Nesse fim de semana, Lee Ranaldo, guitarrista do Sonic Youth, vem ao Brasil. Não para lançar seu disco solo “Between the Times and the Tides”, que já pode ser incluído na lista de melhores do ano.
Ranaldo apresentará com sua mulher, a artista plástica e audiovisual Leah Singer, a performance “Sight Unsee”, que mescla imagens captadas em diversos formatos, quase todas elas de grandes centros, com música executada ao vivo pelo guitarrista. Tudo isso no Vivo Arte.MOV, em Belo Horizonte (MG). E de graça.
“’Sight Unseen’ é uma reflexão sobre como estamos inseridos no espaço urbano”, disse ele em entrevista a Folha. Mas não só isso. Ranaldo também falou um pouco sobre música brasileira, o fim do Sonic Youth e sobre uma possível vinda (aí, sim) para tocar, como fez seu colega de banda Thurston Moore recentemente.
Noah Becker/Divulgação
BRASILEIROS
“Se eu listar artistas brasileiros que mais admiro, Oscar Niemeyer viria em primeiro. Daí uma lista com Caetano Veloso, Gal Costa, Pelé, Milton Nascimento, Os Mutantes, Tom Zé. Sou um grande admirador da obra de Hélio Oiticica e da Lygia Clark e aprecio sobremaneira o paisagismo de Burle Marx. São coisas que de um modo ou outro, foram influências para a minha carreira (além de guitarrista e “performer”, Ranaldo é fotógrafo, poeta e editor)”
SONIC YOUTH
“Nós anunciamos um hiato. Nenhum de nós declarou o fim da banda, nem entre nós nem para o público. Temos alguns projetos que estavam arquivados que devem ser lançados em breve, mas por enquanto é isso. Independente do que aconteça em relação a isso, foram 30 anos incríveis. Atualmente cada um está tocando seus trabalhos solo e estamos todos em contato permanente”
SHOW NO BRASIL
“Seria demais “descer” um pouco daqui (Estados Unidos) e tocar com minha banda. Deve acontecer, deve acontecer. Além de fazer mais shows experimentais com a Leah também!”
“Between the Times and the Tides”
“Foi incrível o processo de gravação. Todos os músicos tiveram tempo para trazer suas sugestões e trabalhá-las em estúdio. Alan Licht, Nels Cline e John Medeskin ajudaram na construção da sonoridade, de acordo com a sensação que eu tinha em mente e queria transmitir. Além do mais, tive a companhia de Jim O’Rourke e Steve Shelley, então não poderia estar mais em casa. Então foi isso: um processo “orgânico”, espontâneo e dos mais livres que já participei. Há muito tempo queria fazer um disco solo como este e não tinha rolado. Mas dessa vez aconteceu. A primeira música eu compus em 2010 e tudo fluiu muito naturalmente, uma coisa levando à outra. Originalmente deveria ser um projeto acústico, mas acho que o resultado foi bem melhor do que esperávamos”
Quem quiser conhecer a faceta “performer” de Lee Ranaldo, ‘Sight Unseen”, vem aqui, ó:
QUANDO domingo, às 20h ONDE Galeria Genesco Murta (av. Afonso Pena, 1.537, tel. 0/xx/31/3236-7400) QUANTO grátis CLASSIFICAÇÃO 16 anos
Se você prefere esperar a vinda dele para tocar as músicas do disco solo, pode aguardar ouvindo “Off The Wall”:
O Vegas fechou as portas e deixou órfão quem curte o dubstep da festa Tranquera, disparado a festa que mais atraía gente ainda ao clube.
Bruno Belluomini (foto), criador do projeto, falou em entrevista ao Remix que a festa volta no dia 5/5. Agora será no Lions. O motivo? “Para lá que levaram o soundsystem que ficava no Vegas. Aquelas caixas são essenciais para dar conta da potência do nosso som”, diz o DJ.
Com todas as nuances pelas quais passa o estilo musical, fortemente associado ao grave das batidas, é difícil encontrar na cidade equipamento que aguente o tranco.