Friendly Fires vem aí!
15/02/12 07:00por Iuri de Castro Tôrres
A banda Friendly Fires volta ao Brasil em abril, para tocar no festival Lolapallooza, em São Paulo.
A Folha conversou com Ed Macfarlane, vocalista do trio dono dos hits “Paris” e “Jump in the Pool”. No papo, o músico falou sobre a paixão pelo Brasil, sobre o disco “Pala” (2011) e sobre o que gostariam de fazer no Brasil.
A reportagem original foi publicada no caderno “Ilustrada” desta quarta-feira (15). Leia abaixo a íntegra da entrevista ou ouça a conversa (em inglês) com Ed Macfarlane:
Essa é a terceira vez que vocês vêm ao Brasil. Empolgados com o show?
Sim, muito empolgados. Tenho memórias muito vívidas da última vez no Brasil, tudo foi ótimo. Lembro muito bem do show em São Paulo, amo aquele lugar. Muito íntimo e suado, com ótimas vibrações: do jeito que um show num lugar pequeno deve ser.
Mas agora vocês estão vindo para o Lolapallooza, num show muito maior, em lugar aberto. Há alguma diferença entre os dois tipos de show?
Nenhuma diferença. Eu gosto muito de tocar em festivais e estou particularmente empolgado em tocar num festival no Brasil, porque haverá muita gente que não nos conhece. É uma boa oportunidade para mostrar quem somos. Eu gosto de me superar.
Como é o público aqui no Brasil? Dizem que o pessoal vai à loucura, cantando, dançando, algo bem catártico.
Sim! Posso julgar pelo último show que a gente fez, que foi muito legal. Me senti muito apreciado. Não acho que seja muito comum uma banda britânica viajar pela América do Sul, então senti que as pessoas que estavam ali esperaram muito tempo para nos ver ao vivo. A vibe estava ótima, todo mundo estava do meu lado. A gente estava cético, esperando que as coisas não fossem tão boas, mas estava errado… Isso é ótimo.
Você disse que gosta de se desafiar tocando em festivais, mas muda alguma coisa no show? É mais importante tocar mais hits ou algum cover, por exemplo?
Acho que não… Provavelmente vamos tocar “Pala”, do último disco, que é provavelmente a música mais lenta que já fizemos. Não é como um grande e massivo hit para dançar, mas é importante mostrar para o público que você tem uma dinâmica diferente, capaz de fazer outras coisas. Não vamos fazer um set preguiçoso de festa para as pessoas. Até para nossa sanidade, acho que a gente ficaria muito entediado se só fizesse isso.
Quando vocês tocam em festivais, tentam assistir a shows de outras bandas também?
Tentamos. Principalmente agora. No passado, costumava ficar muito nervoso antes de subir ao palco, então só ficava descansando no camarim, aquecendo. Mas agora estou mais confiante no nosso show, então vou tentar sair e ver o que mais está acontecendo. Mas, para ser honesto, acho que estaremos mais empolgados por estar no Brasil do que as outras bandas tocando.
Vocês têm uma relação muito próxima com o Brasil, certo?
Muitas músicas nossas são inspiradas no samba, especialmente “Kiss of Life”. Então, nossos shows são muito rítmicos e catárticos. As pessoas associam a música brasileira a isso. Por isso os brasileiros entendem melhor o que fazemos do que pessoas de outros países.
Em “Pala” (2011), vocês usam alguns instrumentos brasileiros, certo?
Em algumas partes da percussão da música “Pull Me Back to Earth” há um toque de samba. Não é o samba tradicional, mas tem uma atmosfera do ritmo.
Vocês tocam algum desses instrumentos no show?
Provavelmente não, o que é uma pena… [risos]. Mas gostaríamos de ter o Monobloco, por exemplo, dançando com a gente, mas não os conheço o suficiente para chamar [risos].
Vocês tocam às 16h. Se importam em tocar à luz do dia?
Não me importo. Não gosto nem desgosto. Mas tenho que ser honesto. Durante a temporada de festivais, tocamos no Benicassim [Espanha] às 3h, depois dos Strokes. Foi muito especial tocar àquela hora, pareceu mais intimista, um bom momento. Mas estamos acostumados a tocar à tarde, vamos fazer o nosso melhor.
Arctic Monkeys e Foo Fighter são os headliners do Lolapallooza. Quando veremos o Friendly Fires sendo headliner de um festival por aqui?
Eu acho que nossas músicas são grandes o suficiente para sermos headliners. Ao vivo, somos especiais, temos algo de empolgante que muitas outras bandas não têm. Então, sim, amo a ideia de voltar um dia e ser headliner.
Vocês lançaram “Pala” há mais de seis meses. Depois desse tempo, quais canções você considera as mais fortes do disco?
As músicas que eu mais gosto no disco nem sempre são as que funcionam melhor ao vivo. “Hawaiian Air” é uma que é impressionante ao vivo. Teve uma impressão melhor do que “Paris” na nossa última turnê. Mas há outras faixas, como “Pala” e “Helpless”, que são algumas das minhas favoritas, mas não necessariamente faz as pessoas levantarem as mãos no show, sabe?
Vocês têm músicas que são impossíveis de deixar de fora de shows?
Provavelmente “Jump in the Pool”, “Kiss of Life”, “Hawaiian Air” e “Live Those Days Tonight”. Tocamos em todos os shows, e as pessoas se sentiriam lesadas se não tocássemos.
“NME” chamou o disco “Pala” de “a trilha sonora perfeita para uma festa na beira da piscina”. Esse tipo de definição te lisonjeia ou te ofende?
Quando eles dizem isso, parece algo como uma coletânea barata de algum bar, o que não é! É muito mais do que um disco de festa. Gastamos muito tempo nele, não é um disco superficial. Muita gente entendeu o disco e muitos outros, não. E isso é o que o torna especial.
Te pergunto isso porque tenho a sensação de que suas músicas são boas para dançar, mas não foram escritas com essa intenção, como em bandas como Two Door Cinema Club. Faz sentido?
É verdade. Se você faz alguma coisa com o objetivo específico de dançar, então você está fazendo música house. E nós não fazemos isso. Fazemos música pop que é inspirada por coisas como house, techno, R&B, post-rock e outras coisas que ouvimos. Tentamos trazer algo que não é pop em sua essência para um contexto que é mais espontâneo e acessível.
Também na “NME” você disse que algumas canções em “Pala” lembram músicas de boy-bands como Backstreet Boys e ‘NSync. Pode esclarecer isso?
Não achava que essa frase estaria por aí por tanto tempo… [risos]. Numa música específica, “Show Me Lights”, a intenção dela era ser ultra-colorida, brilhante, com um pouco de influência de R&B. Como se tivesse produção do Timbaland ou do Justin Timberlake, sabe? A música pop tinha muito mais música do que tem agora, sabe? Essa era a intenção com essa música. Backstreet Boys era assim, sabe? Os instrumentos são muito hip hop, e os vocais, instantâneos. Isso que eu quis dizer!
Mas você ouvia essas bandas quando era mais novo?
Não, eu achava elas uma merda! [risos] Mas quando você fica mais velho começa a admirar música pelo que é. Quando eu tinha 13-14 anos, coisas como Backstreet Boys e Justin Timberlake eram o anticristo. Mas agora sou mais suave no meu gosto musical. Mais maduro.
Última pergunta: Você já é quase um brasileiro. Tem algum plano por aqui além de tocar? Lugares favoritos etc.
Eu não sei o suficiente. Nunca conseguimos ficar muito tempo para ver tudo. É uma pena… Eu queria muito ir ao um baile funk ou a um show de samba de verdade. Gostaria muito, mas, geralmente, só ficamos uma noite, então não sei…