Chegou ao fim a primeira edição do festival Lollapalooza no Brasil. Por dois dias, o Jockey Club, em São Paulo, foi palco de mais de 100 apresentações, que foram de clássicos do rock às sensações do último verão.
Erros e acertos marcaram essa primeira incursão do festival de Chicago, idealizado pelo cantor Perry Farrell, em terras tupiniquins. Abaixo, a equipe do “Remix” comenta o que funcionou, o que atrapalhou e suas escolhas de melhores e piores do Lolla.
Concordam ou discordam?
THALES DE MENEZES, repórter da “Ilustrada”
MELHOR SHOW
Arctic Monkeys. Como o rock deve ser: letras espertas, guitarras nervosas, atitude blasé.
PIOR SHOW
Jane’s Addiction. Tudo é velho e ultrapassado: o som, o cenário, as poses de Perry Farrell
VALEU A PENA
Um lugar mais central na cidade, o preço único de ingresso, sem muitos shows na mesma hora.
NUNCA MAIS NA VIDA
Encarar o sol da tarde sem uma kit gigantesco: chapéu, óculos escuros, protetor solar, ventiladorzinho… Podia ser mais parecido com o americano, como mais bandas de primeira linha no fim de cada noite.
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RODRIGO LEVINO, editor-assistente da “Ilustrada”
MELHOR SHOW
TV On The Radio (com Band Of Horses encostando). Era, das bandas escaladas, a minha preferida. E fez um show beirando o perfeito: banda afiada, execução perfeita das músicas, setlist que passou em revista os melhores momentos da carreira.
PIOR SHOW
Do pouco que vi, MGMT. Deve dar muito trabalho destruir os poucos hits que eles têm com uma apresentação tão desleixada, desinteressada.
VALEU A PENA
Acontecer dentro da cidade, com transporte e acesso facilitados. A estrutura foi boa e trouxe bandas gringas interessantes.
NUNCA MAIS NA VIDA
Fila: Para banheiros, lanchonetes, bebidas. Calor: uma sombra, pelo amor de deus. Deu vontade de levar uma árvore de casa. Sempre há o que ser reformado, como a escalação nacional, por exemplo, uma nulidade, e a disposição de alguns palcos.
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DANILA MOURA, repórter da revista “sãopaulo”
MELHOR SHOW
Artic Monkeys. Intenso, cheio de hits e sem esticar as músicas até você ficar triste (ou as pernas desesperarem), como rolou no Foo Fighters (era rave).
PIOR SHOW
MGMT foi de chorar sangue rolando no chão de lama suja. Na outra vez que eles vieram aqui foi o mesmo show de horrores. E desconfio seriamente que o Skrillex fez DJ set ao invés de live. Para quem curte eletrônico, é a mesma coisa que dublar fingindo que canta, por exemplo. Como não dá para fazer exame de corpo e delito nos pick-ups agora, voto no MGMT.
VALEU A PENA
Pertinho de casa.
NUNCA MAIS NA VIDA
Aquele corredor de areia fofa entre os palcos. Calos, joanetes e joelhos traumatizados. Faltou: um clima mais heterogêneo de tribos, como o terceiro dia do SWU, que tinha metaleiros, grunges, indies, teenagers… O primeiro dia do Lolla parecia que todas as bandas eram de abertura para o Foo Fighters. Clima muito engomadinho demais.
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IURI DE CASTRO TÔRRES, repórter da “Ilustrada”
MELHOR SHOW
O Arctic Monkeys fez o melhor show do festival na opinião do humilde repórter –que ainda está devastado por ter perdido o Band of Horses. Alex Turner e sua trupe arrebentaram com repertório maduro, varida e bem executado. Sem contar o novo estilo bad boy do vocalistas, que arrancou suspiros pelo Jockey.
PIOR SHOW
Olha, não dá mais para levar o MGMT a sério. O que foi aquilo que eles apresentaram no Jockey? Show preguiçoso, baixo, sem interação alguma com a plateia, com repertório sofrível. Nem os grandes hits, como “Kids” e “Time to Pretend”, salvaram o duo do fiasco total. Olhar os raios que caíam na hora do show era mais interessante.
VALEU A PENA
A escolha do Jockey foi acertada pela produção. Apesar dos problemas de transporte público na saída do primeiro dia –que não é culpa da organização–, o local é de fácil acesso e tem uma bela vista de São Paulo. E o calor ajudou a galera a entrar no clima.
NUNCA MAIS NA VIDA
A produção do Lollapalooza exagerou na quantidade de ingressos vendidos para o primeiro dia. As 75 mil pessoas entupiram demais o Jockey, deixando a locomoção difícil, aumentando filas para bares e e banheiros etc. No domingo, com 60 mil pessoas, tudo já estava mais fácil.
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ANDERSON SANTIAGO, repórter do “Guia da Folha”
MELHOR SHOW
Arctic Monkeys. Alex Turner deixou de ser moleque e virou metrossexual, mas a sua voz e o gás com que ele ainda canta os hits antigos não deixam ninguém ficar parado.
PIOR SHOW
MGMT. Sem carisma, sem vontade e sem novos hits, a banda fez o show mais pedante do festival. Nem em “Time to Pretend” os caras conseguiram empolgar –mais interessante estava o belo espetáculo de raios no céu!
VALEU A PENA
Festival do lado do metrô, no meio da cidade, com um som excelente no palco Butantã. O Planeta Terra ainda é imbatível, mas acho que o Lolla tem um bom potencial. Primeira edição é feita para testar; as próximas serão para não repetir (ou corrigir) os erros.
NUNCA MAIS NA VIDAA saída pós-show principal dos dois dias foram caóticas. É tão difícil, para a organização, montar um esquema de vans que deixassem a galera em grandes corredores de ônibus ou pontos-chave da cidade, como a av. Paulista? Se não for o caso, que então coloquem outras atrações até mais tarde numa tenda, para que a galera se disperse aos poucos evitando confusões e tumultos!