Uma noite com Morrissey
06/03/12 19:12Atenção: este é um relato totalmente pessoal e sem a menor imparcialidade jornalística.
27 de abril de 2007 é daquelas datas que nunca vou me esquecer. Assim como 22 de março de 2009. Foram as duas noites em que estive nos dois shows que fazia questão de ver antes de morrer: Morrissey e Radiohead.
Pronto, depois de saber que posso morrer feliz musicalmente, gostaria de compartilhar com os leitores do “Remix” como foi a noite em companhia do grande Moz, que começa amanhã sua turnê brasileira.
Em dezembro de 2006, arrumei minhas malas e fui para um intercâmbio de trabalho nos Estados Unidos. Ralava numa estação de esqui na escondida e linda cidade de Truckee, no norte da Califórnia. E também fazendo sanduíches num Subway…
Naquele lugar inóspito, onde uma temperatura agradável era 0ºC, uma das maiores alegrias era comprar a “Rolling Stone” e saber o que estava rolando no mundo da música.
Eis que um dia, lá pela página 90, estava uma foto do Morrissey e o anúncio de sua turnê norte-americana. Ele, o salvador de tardes adolescente melancólicas, companheiro de porres deprês (desculpe, Arcade Fire, Moz é hors-concours), o grande e irresistível anti-herói do pop inglês, iria tocar em cerca de 15 dias a uns 300km da cidade onde eu morava.
Não tive dúvidas: salvei cada dólar de gorjeta e comprei o ingresso no cartão de crédito de uma amiga. E a convenci a ir comigo. Eu com 21 anos. Ela, aos 42, não tão fã de Smiths, mas amiga o suficiente para encarar a viagem para Stockton, também na Califórnia.
Bob Hope Theatre lotado, cerca de 3.000 pessoas. Alguns de pé, outros sentados. Toca um grande gongo chinês e cerca de 15 rapazotes vestidos iguais (blusa vermelha de linho) entram no palco, à espera do líder de uma geração.
Morrissey já entra quebrando tudo, entoando um dos maiores sucessos dos Smiths, “The Queen Is Dead”, seguida de uma das melhores músicas de sua fase solo, “Irish Blood, English Heart”, do disco “You Are the Quarry” (2004).
O set-list, no geral, foi melhor do que o apresentado na turnê atual. Impossível resistir a Morrissey cantando sucessos como “Suedehead”, “All You Need Is Me” e “I Will See You in Far off Places”.
Em “Let Me Kiss You”, Moz aflorou seu lado diva e, ao cantar os versos “Close your eyes/ And think of someone/ You physically admire/ And let me kiss you/ But then you open your eyes/ And you see someone/ That you physically despise/ But my heart is open/ My heart is open to you”, rasgou sua camisa para delírio da plateia, homens, mulheres, adolescentes.
E o que dizer das músicas dos Smiths? Seleção primorosa do que a banda fez de melhor: “How Soon Is Now?”, em versão emotiva, com Morrissey jogado ao chão, “The Boy with the Thorn in His Side”, “Please, Please, Please, Let Me Get what I Want”.
No bis, após cantar “You’re Gonna Need Someone on Your Side”, Morrissey começou um de seus maiores sucessos solo, “The First of the Gang to Die”. Eis que um rapaz invade o palco e se agarra no cangote do moço, rasgando sua outra camisa (veja foto abaixo).
Irascível que é, Moz não se fez de rogado: resmungou alguma coisa e abandonou o palco, sem maiores explicações, no meio da música. É mole? Que show…
Quem quiser ver o set list do Morrissey neste show, está neste link.
Alguém aí vai ao(s) show(s) do Morrissey? Onde? Empolgados?
Iuri, vou nesta quarta-feira (7) ao show em Belo Horizonte. Espero que seja tão empolgante quando seu relato. Afinal, já são quase 30 anos acompanhando a carreira de nosso anti-herói.
Legal, José! Não deixe de compartilhar com a gente o que achou do show.
Iuri, há momentos que valem uma vida. E o show de ontem, com certeza, valeu. O que o Morrissey fez na noite de quarta-feira em Belo Horizonte não foi um show, foi uma celebração.
Que demais! É minha primeira vez no show dele. Da última vez que ele esteve no Brasil, era adolescente e prestando vestibular.
Mas dessa vez eu vou! Em Sampa!
Legal! Também estarei lá, Deise!
E essa tua amiga, gostou do show? Virou fa?
Ela adorou o show! Virou fã do moço que invadiu o palco… hehe
Empolgado é pouco.
Belo texto, amanhã serei eu a fazer um texto assim!
Manda para a gente ver depois!
MUITO! vou aos shows de BH, Rio e São Paulo
Vai aos três shows? Uau! Fã de verdade!
Eu vou. Rio de Janeiro. Surtada. Ouvindo o setlist como uma louca.
Boa! Será que ele muda muito de um show para outro?
Domingo estrei lá. Morrissey é o cara.
Ele é mesmo o cara.
Qdo ele anunciou POA eu surtei. E quando ele cancelou, chorei!hahaha Mas não tive dúvidas que precisava vê-lo de perto e comprei ingresso pro show em São Paulo. Não sei como vou reagir…
Sou da geração que viveu o sucesso da banda The Smiths.
Estarei no show do Moz em São Paulo depois de 12 anos, quando o vi pela primeira vez ao vivo num show em Curitiba. Naquela ocasião, o show privilegiou quem era mais fã dele mesmo, pois o setlist não incluía seus hits mais conhecidos, como “Everyday is Like Sunday” ou “Suedehead. Ele cantou 3 ou 4 músicas do The Smiths (entre elas, “Meat is Murder” e “Half a Person”, que eu me lembro). Desta vez, pelo que me consta, vou poder ouvir “Everyday is Like Sunday” ao vivo!!
Iuri, adorei o relato! Não sabia que partilhávamos dessa mesma paixão. Nos vemos domingo. Abraço!